terça-feira, 25 de agosto de 2009

Por meus filhos

Sábado é Dia de Combate ao Fumo.
Eu já fumei. Bastante. Dos 13 aos 34 anos. É...já se vão 10 anos! E ainda, às vezes, tenho vontade de fumar.
Parei no mesmo dia que meu pai: 19 de abril. Mas para ele já era tarde. O enfisema pulmonar já havia sido diagnosticado. Era crônico e estava irreversívelmente instalado.
O homem mais forte do mundo, capaz de consertar tudo, resolver todos os problemas, que sabia dançar, cantava como Nelson Gonçalves e contava piadas como ninguém já não conseguia subir sozinho dois degraus.
Por ele passamos quase 10 anos assustadas com qualquer telefonema. A cada mudança de clima, do frio para o calor, da seca para a chuva, procurando maneiras de amenizar seu sofrimento.
Primeiro ele não tinha forças para andar e conversar. Depois ficou preso ao tubo de oxigênio. Dormir na mesma casa, ficar horas ao seu lado causava uma estranha sensação. Ao sair de perto é que se percebia como o barulho do aparelho que lhe garantia o oxigênio era pertubador.
Esse equipamento, essencial para a sobrevivência dele, quebrou mais de uma vez. À noite, em finais de semana... Em todas elas, sofremos.
Mudávamos de comportamento no trabalho, na escola, com os amigos. Os parentes que moram em outras cidades mudavam seus planos nas festas para vir prá cá nos fazer compania e ver meu pai. Na verdade falar com ele, porque o corpo era pouca coisa.
Veio a cadeira de rodas, a cama hospitalar, os banhos só na cama.
Dar banho no próprio pai é, no começo um sofrimento. Era ele o grande homem.
Depois, o processo de higiene passou a ser a melhor hora do dia. Mesmo assim, à vezes ainda doia.
Em todo esse tempo ele permaneceu mais lúcido do que jamais foi em toda a vida. E retribuia aos cuidados da familia com uma alegria que causava inveja a todos que o visitavam.
Meu pai foi vítima do desenvolvimento da dependência química da indústria do tabaco.
Ele não teve tempo. Mas eu parei. Parei de fumar não por mim, mas para garantir que meus filhos, meus amigos, minha família não sofram como eu sofri e ainda sofro.
Se você têm amor aos seus, parem de fumar. Agora.
Ainda dá tempo.

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