terça-feira, 19 de abril de 2011

Leia até o fim e pense sobre tudo que voce comprou este mes

ANÁLISE SOCRÁTICA DOS TEMPOS ATUAIS
> FREI BETO
>
>
> Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e
> perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'.
> Comemorei: 'Que bom então de manhã você pode brincar dormir até mais
> tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que
> tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura,
> piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
>
> Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
>
> Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente
> equipados, mas emocionalmente infantilizados.
>
> Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis
> livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de
> ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas
> me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.
>
> Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'.
> 'Olha uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão
> da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
>
> A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia nacional
> da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá
> e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.
>
> Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de
> que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este
> refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este
> carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem
> cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um
> analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
>
> O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse
> condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se
> viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são
> indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
>
> Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as
> cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil,
> constrói-se um shopping Center. É curioso: a maioria dos shoppings
> centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não
> se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de
> domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há
> mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
>
> Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela
> musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas
> aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por
> belas sacerdotisas.
>
> Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar
> cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial,
> sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se
> sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia
> pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo
> hambúrguer do Mc Donald...
>
> Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
> 'Estou apenas fazendo um passeio socrático.' Diante de seus olhares
> espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de
> descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando
> vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
>
> - "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para
> ser feliz !"

terça-feira, 5 de abril de 2011

MISS IMPERFEITA SOMOS NÓS

MISS IMPERFEITA
 
 
      (Texto de Martha Medeiros) 

     'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado,  decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!

     E, entre uma coisa e outra, leio livros.

     Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

     Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

     Primeiro: a dizer NÃO.

     Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

     Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

     Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros..

     Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

     Você não é Nossa Senhora.

     Você é, humildemente, uma mulher.

     E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

      Tempo para fazer nada.

     Tempo para fazer tudo.

     Tempo para dançar sozinha na sala.

      Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

     Tempo para sumir dois dias com seu amor.

     Três dias..

     Cinco dias!

     Tempo para uma massagem.

     Tempo para ver a novela.

     Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

     Tempo para fazer um trabalho voluntário.

     Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

     Tempo para conhecer outras pessoas.

     Voltar a estudar.

      Para engravidar.

     Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

     Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

     Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

      Existir, a que será que se destina?

     Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra..

     A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

     Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

     Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

     Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
      Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

     Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
     Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

     E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'

     Martha Medeiros - Jornalista e escritora

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cuidado com o que fala

ASNO

No Curso de Medicina, o professor se dirige ao aluno e pergunta:
- Quantos rins nós temos?
- Quatro! Responde o aluno.
- Quatro? Replica o professor, arrogante, daqueles que sentem prazer em tripudiar sobre os erros dos alunos.
- Tragam um feixe de capim, pois temos um asno na sala. Ordena o professor a seu auxiliar.
- E para mim um cafezinho! Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.
O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala. O aluno era Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), o 'Barão de Itararé'. Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:
- O senhor me perguntou quantos rins 'NÓS TEMOS'. 'NÓS' temos quatro: dois meus e dois seus. 'NÓS' é uma expressão usada para o plural.Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.
Moral da História:
A VIDA EXIGE MUITO MAIS COMPREENSÃO DO QUE CONHECIMENTO.