“Se
perdoardes aos homens as faltas que eles fazem contra vós, vosso Pai celestial
vos perdoará também vossos pecados, mas se não perdoardes aos homens quando
eles vos ofendem, vosso Pai, também, não vos perdoará vossos pecados.” – ESE,
cap. X.
Esse é
um ensinamento que sempre me corrói a mente e o coração.
O que é
perdoar? É esquecer, aceitar, concordar, ajudar? Como equilibrar a razão e a
emoção quando somos magoados, ofendidos, humilhados?
É fácil
resolver essa equação quando o “homem” não vive nosso dia a dia, não o vemos
frequentemente, não é nosso superior ou subordinado direto e, muito menos, quando
não é alguém que amamos verdadeiramente.
Então,
tenho procurado há tempos a resposta. Ela veio várias vezes, mas talvez eu não
estivesse pronta para entendê-la ou, o mais provável, era solução para uma
dúvida e uma facada em meu orgulho.
Primeiro
foram os ensinamentos evangélicos. Diziam exatamente o que fazer, o
significado. Mas o orgulho... Procurei então, como manda a profissão, o
significado da palavra:
3
palavras em hebraico e 4 em grego foram traduzidas como perdão e, basicamente
são sinônimos: cobrir, levar para longe, usar da graça com alguém, cancelar,
remir.
A
acepção mais comum seria "levar para longe".
O
significado atual de perdão é esquecer algo de mal que alguém te fez. Uma das
palavras gregas traduzidas como "perdoar" significa literalmente
cancelar ou remir.
Ok. Até
aqui.
Esquecer
é sempre um exercício. Claro que no caso das coisas ou pessoas ruins. Assim
como a paciência. Mas meu coração ainda dizia que isso não era o suficiente. A
definição, corroborando os ensinamentos evangélicos ainda não resolvia o vazio
, a sensação de oco no meu peito. De verdade.
Fui
atrás da palavra AJUDA.
Por
que? Ora porque quem ama ampara, ajuda, perdoa.
Se para
amar de verdade é preciso auxiliar, socorrer e favorecer, como posso ao perdoar
simplesmente esquecer? E aí ajudar, esquecer, ajudar, esquecer “setenta vezes
sete vezes”?
“Não se
pode ter pelo inimigo um amor terno e apaixonado; não foi isso que Ele quis dizer.
Amar os inimigos é perdoar-lhes e restituir bem por mal. Por este meio nos
tornamos superiores a eles; pela vingança, colocamo-nos abaixo deles.” LE –
pág. 275.
Assim,
atualmente entendo que eu posso perdoar mesmo sem concordar com o “homem” ou o
“inimigo”. É possível não sentir raiva, mágoa, rancor. Orar pelo ofensor
pedindo a Deus proteção e compreensão.
Porém,
ainda é preciso ajudar.
Até
quando? Até onde?
Novamente,
me apoio no Cristianismo.
“Um
espírito só pode ser ajudado pelos samaritanos quando deseja com sinceridade
ser ajudado. Não se pode ajudar ninguém à força. Não se resgata espíritos
revoltados, pois se não querem mudar, não poderão mudar à força. Sua revolta
ainda poderá atrapalhar os trabalhos e a recuperação de outros espíritos dentro
dos postos e hospitais.” – Os Samaritanos.
Era o
ensinamento que me faltava entender para deixar de lado a decepção e a
frustração por não ter conseguido fazer o que achava ser minha obrigação, minha
missão.
Me
lembrei do ditado popular “Os filhos são para o mundo”. Nós os ensinamos da
melhor maneira que podemos, dentro das nossas limitações como pais. Como eles
vão se conduzir pela vida é livre arbítrio de cada um.
Assim,
depois de tanto buscar, finalmente encontrei para mim, o equilíbrio entre razão
e emoção para a equação “perdoar e ajudar”.
Consegui
me libertar do sentimento de culpa, da sensação de fracasso.
Ao
final de 2012, me perdoei.
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